Hoje em dia, chega-se à conclusão que a maioria dos países ricos tem a falsa noção de que sustentabilidade é um objetivo apenas para países pobres. Afinal, este grupo não cumpriu os compromissos assumidos no Rio em 1992 de redução de consumo e impacto sobre os recursos naturais e meio ambiente, tampouco disponibilizou os recursos financeiros acordados para financiar a implantação da Agenda 21 junto aos países pobres.
Muitos dizem que, enquanto os poucos países ricos não derem o exemplo e cumprirem os acordos da Rio 92, os países em desenvolvimento não levarão a sério a responsabilidade de proteção ambiental.
Esses últimos, por sua vez, pareceram ignorar o termo "sustentável" da expressão "desenvolvimento sustentável", preocupando-se apenas com a primeira palavra (desenvolvimento). Desse modo, até hoje repetem os mesmos erros cometidos pelos países ricos há décadas, com ferramentas e tecnologias ultrapassadas.
Ao longo desses dez anos, a diferença entre os países ricos e pobres aumentou, uma vez que o modelo de desenvolvimento adotado privilegia o consumo e o desperdício excessivos, orientando-se mais para o crescimento econômico do que para as necessidades humanas.
Um levantamento feito pelo Instituto Worldwatch traz os seguintes números recorrentes á essa última década:
- Houve o aumento do consumo de água, pois 7% foi o aumento dos terrenos irrigados na agricultura (setor com maior consumo de água).
- 19% de todos os recifes de corais existentes em 1992 foram destruídos pelo aquecimento global e pela poluição dos mares. Vale ressaltar que 10% deles não tem mais chances de recuperação. Isso afeta todo um ecossistema que só perde em biodiversidade para uma floresta tropical.
- A temperatura média global aumentou em 0,35°C, passando de 14,16°C (em 1992) para 14,51°C (em 2001). Isso pode vir a gerar desastres naturais, aumento do nível do mar, dispersão de doenças e dificuldades para o setor agrícola, gerando desestruturação nos outros setores da economia.
- As contribuições feitas pelo grupo dos países ricos caiu em 23%, enquanto a dívida total dos países em desenvolvimento aumentou 34%.
- O número de pessoas vítimas das seis doenças infecciosas que mais matam no mundo (Aids, diarréia, tuberculose, malária, sarampo e doenças respiratórias baixas, como a pneumonia) aumentou em 8%, sendo que especificamente o número de mortos de Aids aumentou em 800%
- As florestas do mundo diminuíram em 2,2%, sendo que essa redução afeta diretamente o habitat de seres vivos, aumentando as chances de extinção de muitas espécies.
- Aumentou em 9% a emissão de carbono (um dos responsáveis pelo efeito estufa), sendo que nos EUA a emissão aumentou em 18%, rompendo com acordos internacionais de regulação.
Porém, nem todo o saldo foi negativos nesses últimos dez anos, como mostram os itens abaixo:
- 87% foi a redução da emissão de CFC na atmosfera, fato que deixa uma esperança em relação à recomposição da camada de ozônio.
- O número de crianças não matriculadas caiu 11%, sendo que o número de analfabetos caiu 1,4%
- A geração de energia elétrica a partir dos ventos aumentou 900%. Porém ela só corresponde a 1% da produção de energia mundial, enquanto 90% depende de combustíveis fósseis.